GamePro / EUA
19-11-2010
Novo game da série chega com boa narrativa, apesar de história clichê. Modo multiplayer deve entreter os gamers aficionados
Para a maioria dos gamers, qualquer discussão sobre a série “Call of Duty” começa e termina com multiplayer, mas o novo título “Black Ops”, já disponível no Brasil, traz uma campanha single-player surpreendentemente competente com a narrativa mais coesa da franquia até o momento.
A trama central não é nem de perto tão original ou inventiva quanto poderia, ao pegar “emprestadas” várias guinadas na história já usadas em diferentes filmes, além de ter alguns problemas. Determinados pontos do roteiro são guiados de maneira desajeitada; ainda existem momentos em que você precisa utilizar força bruta para abrir caminho até um certo checkpoint para chegar à próxima área; e a revelação final é brutal como um soco na cara, como se os desenvolvedores não confiassem que o jogador comum fosse entender o que estava acontecendo.
Ainda assim, é um esforço sólido de modo geral, uma vez que seu espírito e tom capturam de maneira adequada a cultura de paranóia resultante do momento tenso nos anos 1960, por causa da Guerra Fria entre os EUA e a então União Soviética, a crise dos mísseis em Cuba e a Guerra do Vietnã. O elenco de personagens não é tão adorável quanto o de um filme da Disney, mas a ótima dublagem e captura de movimentos fazem com que seja mais fácil se divertir à medida que a história se desenrola por cerca de 8 horas. Vale a pena jogar especialmente porque a campanha destrava uma pequena surpresa bacana para os fãs.
O termo “serviço aos fãs” também é uma boa maneira de descrever a abordagem que a desenvolvedora Treyarch teve com os modos multiplayer de “Black Ops”: é óbvio que eles quiseram tornar esta versão a experiência online definitiva da série, e ajuda o fato de terem construído uma fundação tão sólida nos títulos anteriores. Todos os modos multiplayer marcam presença: Team Deathmatch, Domination, Search and Destroy, Headquarters, etc. E na maior parte eles funcionam exatamente como você espera, com novos layouts de mapas, armas e os acessórios tendo um forte efeito na estratégia e na fluência do jogo.
Por exemplo, a nova granada Nova 6 satura uma área com um gás que desorienta os jogadores e lentamente “rouba” vida, fazendo dela um item útil em modos envolvendo a configuração de pontos de captura. Esses acessórios (perks) também foram reordenados, colocando fim à combinação de acessórios. A Treyarch também traz de volta o popular modo de zumbis, que sem dúvidas agradará aos que gostaram dele no game “World ar War”. No entanto, uma decepção é a retirada do altamente subestimando modo Spec-Ops, que esperamos que retorne como um add-on baixável (DLC).
Mas o maior refinamento do multiplayer é, obviamente, o sistema de moedas, que substitui o XP para destravar armas e anexos. Tudo no jogo, de acessórios (perks) a equipamento, precisa ser comprado, e apesar de o sentimento de ganhar na loteria dos outros jogos ter ido embora, o sistema de moeda facilita a vida para fãs estabilizados personalizarem seus equipamentos como quiserem. Ainda é preciso atingir marcas muito altas para destravar itens específicos, mas não é mais preciso destruir fases apenas para conseguir um silenciador ou uma mira – você apenas entra na conta do seu banco e compra o que quiser. É uma evolução sensível, pois a maioria dos gamers já possuem horas conectadas o bastante para saber quais suas preferências, por isso dar poder a eles para customizar seus pertences faz muito sentido.
As novas Wager Matches também são uma mudança interessante, e permitem apostar créditos contra o seu próprio desempenho: fique entre os três primeiros e você ganha créditos, acabe em qualquer outra posição e você perde. Essas partidas sem dúvida serão dominadas por jogadores de alto nível, assim como partidas de pôquer geralmente são dominadas por “tubarões” do carteado, mas até mesmo apostadores amadores podem se divertir com a novidade, graças às três bancadas de aposta. A mais baixa, Ante Up, exige apenas 10 créditos para entrar, o que é uma taxa de entrada modesta o suficiente para incitar todos a tentarem; os modos em si são divertidos, com “One in the Chamber” e Gun Game” ocupando o topo da minha lista.
A Treayarch também incluiu muitos extras que melhoram a experiência total e ajudam a colocar “CoD” no mesmo patamar de franquias contemporâneas como “Halo”. O modo Theater, por exemplo, não é nada novo, mas é implementado de forma inteligente, com cada morte sofrida e assassinato realizado mapeados como bookmarks na timeline, te permitindo “rever” facilmente um momento de triunfo ou derrota. O Combat Training também é uma adição que vale a pena; é um ambiente fechado em que você pode realizar partidas com seus amigos ou com o computador (bots) para se familiarizar com a jogabilidade competitiva. Fiquei desapontado pelo fato de Team Deathmatch e Free-for-All terem sido os únicos modos disponíveis, mas os bots fizeram um trabalho decente de replicar alguns dos comportamentos vistos frequentemente online. Também é importante citar os recursos de personalização de personagens, como emblemas e identificações de clãs, assim como a habilidade de configurar partidas privadas com configurações customizadas das quais a comunidade online aficionada com certeza gostará.
E então nós temos os extras destraváveis que a Treyarch escondeu ao longo do jogo. Não iremos falar detalhes sobre eles aqui para não estragar a surpresa, mas vamos apenas dizer que há alguns ótimos extras que adicionam um genuíno senso de valor ao jogo. O que, aliás, é válido para todo o game: “Black Ops” oferece tantas coisas que é impossível não pensar que seu dinheiro foi bem gasto no título.
Mas como era o caso quando fiz o review de “Modern Warfare 2”, joguei o game sob circunstâncias ideias, por isso será interessante ver não apenas como a comunidade de gamers reagirá ao jogo, mas também como vou me sentir sobre investir várias horas no modo multiplayer. Existem questões válidas que não podem ser respondidas no momento, como se os jogadores irão adotar ou rejeitar o sistema de moedas e quais os novos tipos de comportamento que surgirão na comunidade de jogadores.
Apesar desses receios, é impossível negar o nível de refinamento e valor inerentes a “Black Ops”. É um pacote completo e bem amarrado que é fácil de recomendar aos fãs da série. Além disso, os fãs de jogos de tiro de console com certeza adotaram o game (vide os recordes de vendas logo no primeiro dia de lançamento), por isso será quase “obrigatório” comprá-lo se você joga online regularmente, pois é o título que provavelmente a maioria dos seus amigos estará jogando. A boa notícia é que o jogo vale absolutamente o investimento, e mesmo que você não concorde com algumas das mudanças da Treyarch ou encontre alguns “malas” no multiplayer que estejam estragando um modo específico, ainda terá muitas outras opções para te manter entretido por um bom tempo.
"Call of Duty: Black Ops" já está disponível no Brasil desde 16/11 para as plataformas PS3, Xbox 360, Wii, PC e DS.
*Nota: o review foi realizado com versão do jogo para o console Xbox 360.
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