Desde que a Lei Seca (11.705/2008) entrou em vigor no Brasil, o bafômetro
virou um acessório bastante comum em festa, bares e baladas. Também
conhecido como etilômetro, esse aparelho consegue em poucos segundos
medir a quantidade de álcool no sangue de um usuário, e por isso é
utilizado por muitas pessoas e pela própria polícia para avaliar se um
motorista está apto ou não a pegar no volante.
O álcool, quando ingerido, se incorpora ao sangue através de vasos e
membranas permeáveis dos órgãos do corpo pelos quais passa, como o
estômago e principalmente o intestino delgado, onde ocorre a
transferência de 75% das moléculas de etanol. A partir daí, pode-se
levar até uma hora para elas se espalharem por todo o corpo.
A quantidade limite de bebida que alguém deve beber depende de vários
fatores, desde a concentração de álcool no copo a até mesmo a
alimentação ingerida ou a condição física do usuário. Para algumas
pessoas, apenas uma lata de cerveja pode ser o suficiente para que o
bafômetro acuse 2 decigramas por litro de sangue, nível máximo tolerado
pela Lei Seca. Até mesmo bombons com recheio de licor e antissépticos
bucais podem causar um resultado positivo no aparelho. Nesses casos, o
cidadão tem o direito de pedir um novo teste no período de 20 minutos,
quando então não deverá mais ser acusada a presença de etanol.
Também não é possível afirmar categoricamente quanto tempo leva para
todo o etanol ser eliminado do corpo de quem ingeriu bebida alcoólica,
já que isso depende do organismo de cada um, da velocidade com que bebe,
da quantidade ingerida ou de ações que realiza antes, durante e após
beber. Uma noite de sono, por exemplo, suaviza os efeitos do álcool. Na
dúvida, é prudente reassumir a direção apenas 24 horas depois de beber.
Existem três formas de eliminar o álcool do sistema sanguíneo: pela
urina, pelo metabolismo de etanol no fígado, ou através do pulmão. Nesse
terceiro caso, ele se mistura ao ar alveolar, aquele que sopramos no
canudo ligado ao bafômetro. Dois tipos de aparelhos são utilizados para
averiguar se um condutor está bêbado: nos mais simples, o álcool reage
com uma solução de dicromato de potássio. Já no usado pela polícia, mais
sofisticado, uma célula combustível faz esse serviço.
Funcionamento dos diferentes bafômetros
No bafômetro simples, o ar é misturado com uma solução composta de
ácido sulfúrico, água, nitrato de prata e dicromato de potássio. O ácido
sulfúrico remove o álcool do oxigênio, que sofre uma reação com o
dicromato de potássio, produzindo etanal e íons Cromo (III). O nitrato
de prata age como catalisador da reação química. O dicromato de
potássio, visível no tubo do dispositivo, possui cor alaranjada. Já os
ions Cromo são verdes. Por isso, caso a coloração da substância fique
esverdeada, isso indicará uma presença de álcool no sangue.
O problema é que, como o dicromato de potássio é um forte oxidante, o
bafômetro pode acusar falsos positivos. É por isso que a polícia utiliza
o etilômetro de célula de combustível, que produz resultados mais
confiáveis. Nestes, a baforada entra em contato com uma solução formada
por dois eletrodos de platina, que contam ainda com um material poroso
de ácido-eletrolítico posicionado entre eles. A platina reage com o
álcool, gerando ácido etanoico, prótons e elétrons. Os elétrons passam
por um fio condutor ligado a um medidor de corrente elétrica. Quanto
mais forte, maior a presença de álcool. Um chip processa esses dados e
informa o nível de concentração de etanol no visor do aparelho.
O resultado obtido em um desses bafômetros amadores, que podem custar a
bagatela de R$ 15, nunca poderá ser utilizado para invalidar aquele
atingido no aparelho soprado em uma blitz policial. Os etilômetros
vendidos no comércio, geralmente, não estão dentro das regulamentações
do Inmetro e Denatran. É por isso que apenas o modelo da polícia, que
chega a custar R$ 12 mil, é aceito como prova criminal.
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